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Corsários Mouros - II

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A partir do século XV Portugal estabelece uma série de praças-fortes e fortalezas na costa marroquina, procurando limitar a acção dos corsários ao confiná-los às suas bases.

Esta situação acaba por provocar um bloqueio naval ao Reino de Fez, que assim se vê privado do transporte dos seus produtos por mar. O corso, tradicionalmente ofensivo, passa também a assumir um carácter de defesa da navegação na costa de Marrocos. As praças–fortes portuguesas passam a ser também bases dos corsários de Portugal.

Aliás diga-se em abono da verdade que Portugal já utilizava o corso desde o século XIV quando D. Dinis contrata o genovês Manuel Pessanha para operar nas costas do Algarve e Alentejo. Durante o século XV os portugueses eram considerados os maiores corsários da cristandade, actividade considerada nobre e honrada e apoiada pela família real, que lucrava com os seus proveitos. O Infante D. Henrique, o Infante D. Fernando, Duque de Beja e Sancho de Noronha, Conde de Odemira, eram proprietários de navios que praticavam o corso, não só contra os muçulmanos, como contra os cristãos, entregando 1/5 do saque ao rei de Portugal.

 

As principais bases do corso português eram Lisboa, Odemira, Lagos e Tavira.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O infante D. Henrique era de longe o grande promotor dos corsários de Portugal. A partir da sua base de Lagos enviava os seus navios para o Atlântico e o Mediterrâneo, onde saqueava mercadorias, mas sobretudo dedicava-se ao tráfico de escravos. É ele que promove em Lagos a primeira venda de escravos na Europa, que Zurara descreve com grande detalhe. Apesar de a venda de escravos se efectuar ao ar livre, existe na cidade um edifício conhecido como o Mercado de Escravos, símbolo desse período da nossa história.

Entre muitos dos corsários portugueses destacam-se Bartolomeu Dias, João Gonçalves Zarco, Tristão Vaz Teixeira, Pedro de Ataíde “o inferno”, ou Diogo de Azambuja. A actividade dos corsários portugueses contra navios de Portugal e Castela era tal, que motivou queixas ao rei por parte dos mercadores nacionais que eram frequentemente roubados nas águas do seu próprio país.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A relação dos corsários mouros com as cidades da costa Atlântica de Marrocos sempre foi evidente e o corso foi sem dúvida uma das razões que impeliu Portugal a estabelecer-se na região.

Conforme refere David Lopes, ”Esses ladrões do mar, no Mediterrâneo como no Estreito e no Atlântico, ou ao longo das suas costas, salteavam os navios e as populações do litoral, roubando uns e outros, cativando as pessoas, ou matando-as, se resistiam. Quando a nossa gente entrou em Ceuta, encontrou lá dois sinos que os corsários tinham tomado em Lagos, e foram colocados na antiga mesquita convertida em igreja.”

David Lopes refere também as inegáveis vantagens que as praças de Marrocos prestaram na luta contra o corso. “Desde então Ceuta foi padrasto dos mouros. A cavaleiro do Mediterrâneo e do Estreito, vigiava essa navegação inimiga, e impedia-a muitas vezes, ao mesmo tempo que protegia a outra navegação cristã entre o Mediterrâneo e o Atlântico. O benefício geral que daí resultava era muito grande e Portugal prestava um inestimável serviço à navegação europeia.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ceuta era nos inícios do século XV a grande ameaça aos navios portugueses e à costa do Algarve. Cidade com uma localização estratégica, teve uma fundação antiquíssima, sendo referenciada como um dos dois locais onde se erigiu uma das colunas de Hércules. Al-Hassan Al-Wazzan Al-Fasi, conhecido como Leão “o Africano”, afirma na sua obra “Descrição de Africa” que Ceuta tinha 1.000 mesquitas e 300 casas de viajantes.

A conquista de Ceuta em 1415 representa um passo decisivo para conter as acções dos corsários marroquinos. Para a sua conquista, D. João I utiliza uma armada de 242 navios e cerca de 50.000 homens. Após a conquista de Ceuta a cidade é fortemente fortificada. Ceuta torna-se então o principal centro do corso português. Pedro de Menezes, capitão de Ceuta, detinha uma pequena armada à qual associava navios de corsários sediados na cidade, fossem portugueses, fossem estrangeiros, como alemães, castelhanos ou genoveses.

Em 1437 dá-se a tentativa falhada para conquistar Tânger, na qual o infante D. Fernando é feito prisioneiro e levado para Fez. O malogro de Tânger deveu-se sobretudo à deficiente planificação do ataque e imprudência do próprio “Infante Santo”, que se deixou capturar após se ter aventurado em demasia terra a dentro.

Alcácer-Ceguer era um pequeno porto no estreito de Gibraltar, muito utilizado no período Almóada para embarcar tropas para a península. No século XV era um importante reduto de corsários. É tomada em 1458 por D. Afonso V após dois dias de combate, com recurso a uma frota de 220 embarcações e 25.000 homens. No seguimento da sua conquista Alcácer-Ceguer é fortificada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Apesar disso os portugueses construiriam em 1515 neste porto uma fortaleza, em torno da qual se desenvolveu uma nova área urbana, que baptizam com o nome de Casa Branca.

 

Completamente destruída pelo tsunami de 1755, Casa Branca seria reconstruída por mão do sultão Sidi Mohamed Ben Abdallah em 1770. O estabelecimento de mercadores espanhóis na cidade alteram o seu nome para Casablanca.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Larache continuará a ser o porto da cidade de Fez e uma das grandes bases dos corsários de Marrocos, dando abrigo a uma nova geração de corsários que surge vinda de Leste.

 

 

In: http://aventar.eu/2012/02/05/corsarios-mouros/  (20/05/2014)

Praças-fortes e fortalezas portuguesas e principais bases de corsários

Nos meados do século XV Anfa ou Anafé é uma activa base de corsários que ameaçam a navegação dos navios portugueses. No ano de 1468 uma frota de 50 navios e 10.000 homens arrasam completamente a cidade, decisão tomada pelo facto de se ter considerado que a sua manutenção nas mãos de Portugal seria extremamente difícil e dispendiosa.

Em 1471 D. Afonso V envia uma armada de 477 navios e 30.000 homens conquistar Arzila, conquista essa ilustrada em três das tapeçarias de Pastrana, expostas na cidade espanhola com o mesmo nome. Para colonizar Arzila foram estabelecidas na cidade famílias de judeus castelhanos. A partir de 1509 as muralhas são reconstruídas e edificada a torre de menagem, obras a cargo dos mestres Butaca e Danzino.

Após a tomada de Arzila os marroquinos abandonam Tânger, que os portugueses ocupam sem combate. À semelhança de Ceuta, Tânger foi uma cidade fundada pelos fenícios e de grande importância estratégica. Os portugueses empreendem também em Tânger obras de fortificação  bastante importantes, nomeadamente as suas muralhas e a alcáçova.

Detentor destas quatro praças, Portugal domina o Estreito de Gibraltar e consequentemente controla a navegação entre o Mediterrâneo e o Atlântico.

Jan Janszoon van Haarlem, aliás Murad Rais, o “Grande Almirante”

Larache era considerado o maior porto do Norte de Marrocos, abastecendo e exportando os produtos da cidade de Fez, e também um importante centro do corso. Larache era um porto seguro para o corso da berberia, muito frequentado pelas armadas dos irmãos Babarossa, onde os navios eram abastecidos e reparados. A importância estratégica deste porto está patente na afirmação de Felipe II de Espanha, quando diz que “a cidade de Larache valia mais sozinha que toda a Africa”.

No ano de 1489 os portugueses constroem a Fortaleza da Graciosa, na foz do rio Loukos, para controlar as saídas dos corsários de Larache, e expulsam os habitantes da cidade. Seria sol de pouca dura, já que, dois anos depois, o sultão de Fez, Mohamed As-Said Ash-Sheik, ocupa a Fortaleza, expulsando os portugueses, volta a povoar a cidade e fortifica-a.

Gravura de Arzila

Praças-fortes e fortalezas portuguesas na costa de Marrocos

O Mercado de Escravos de Lagos

Gravura de Ceuta

Gravura de Anfa

Gravura de Arzila

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