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Portugal - País de Navegadores, Marinheiros e Descobridores I

Pesquisa de Carlos Leite Ribeiro

Navios dos Descobrimentos (http://www.ancruzeiros.pt)

Os Descobrimentos são considerados como uma das maiores aventuras e façanhas do Homem. Foram os responsáveis pela evolução da ciência náutica, dos barcos e da navegação após séculos de estagnação. Anteriormente os barcos usavam os remos como força propulsora principal e o uso da vela era esporadicamente aproveitado com ventos de popa. É apenas a partir do séc.XV, com o estudo e compreensão da acção do vento, que se começa dar um uso adequado à vela latina de modo a um barco poder navegar mais eficazmente contra a direcção do vento. É a altura da verdadeira inovação nos tipos de barcos e aparelho.
Estes barcos, que uniram o mundo conhecido ao desconhecido e mudaram a forma de pensar desde então iniciando a transformação do mundo numa aldeia.


A Ordem de Cristo, pela mão do Infante D. Henrique que era desde 1420 governador da Ordem, foi responsável pela realização desta epopeia, razão pela qual os barcos portugueses dos Descobrimentos ostentavam nas suas velas a Cruz de Cristo. Hoje essa tradição é evocada nas velas redondas do N.E. SAGRES II. 
BARCA, BARCHA, BARCA PESCAREZA


Este barco de boca aberta era usado em navegação costeira ou fluvial. A barcha deverá corresponder a uma barca, mas de maior porte. Consoante o tipo teria entre 10 a 20 metros de comprimento e 2,5 a 3,5 metros de boca. Usada em viagens mais distantes tinha uma coberta. Não tinha painel de popa e esta era redonda. De um só mastro com cesto da gávea envergava uma vela quadrangular. Rapidamente se viu a conveniência em usar velas latinas que eram alternadas com o pano redondo conforme os ventos. A tripulação era composta de 8 a 20 homens. Gil Eanes dobrou em 1434 o Cabo Bojador numa barcha.  Pensa-se que a barca pescareza, destinada à faina de pesca e originária da região de Lagos, foi empregue nos primeiros tempos da exploração marítima pelo Infante D. Henrique. Tinha 13,5 metros de comprimento, 4,2 metros de boca e também era de boca aberta e popa redonda. Tinha um só mastro onde envergava uma vela triangular latina e a sua parecença, ainda que em tamanho fosse bem mais pequena, levou a que fosse também denominada de caravela da pesca. Dependendo da missão podia levar de 10 a 22 tripulantes. Com o desenrolar dos descobrimentos passou a ser usada como navio de apoio e graças à sua ligeireza desempenhou ainda o papel de aviso nas armadas daquela época, razão pela qual lhe deram o nome de mexeriqueira. Todos estes barcos usavam remos como meio de propulsão auxiliar.

 
BARINEL
O Barinel parece ter origem no Mediterrâneo. Tinha maior porte que as barchas, com a proa alterosa a atirar para nau, toda recurvada e, como a caravela, de popa redonda. Calava mais que as barchas. Com um ou dois mastros tinha no maior mastro um cesto da gávea. Parece que além do habitual pano redondo podia mudar para latino. Armava ainda remos para tempo sem vento ou aproximação a terra. Foi usado em viagens de exploração ao longo da costa africana, além do Bojador, mas a sua dificuldade na torna-viagem, devido ao seu pano redondo, fez com que fosse substituído pela caravela de pano latino. 

 

CARAVELA

É opinião corrente que o termo «caravela» proveio de «cáravo» (aportuguesamento do grego karabos ou do árabe qârib). Durante o séc. XV foi o barco ideal para as explorações do Atlântico e costa africana. O regime de correntes e ventos contrários obrigou ao desenvolvimento de um barco que bolinasse com mais eficácia e que calasse pouco para se aventurar nas explorações costeiras. Assim nasce a caravela que desde 1441 até à data da passagem do Cabo das Tormentas ou Boa Esperança tem o seu apogeu.  Não chegou até nós qualquer desenho ou informação detalhada deste tipo de barcos e apenas a partir de pinturas e algumas descrições podemos hoje em dia calcular como eram na época. Durante esse período houve vários tipos de caravelas. O caravelão - aqui o ão funciona como diminutivo - de dois mastros até à caravela redonda de quatro mastros. Tinham uma coberta e um castelo de popa. Envergava nos mastros pano latino decrescendo de tamanho da proa para a popa. Não tinham cesto da gávea já que a manobra de mudar as vergas com este tipo de pano não o permitia. A tripulação variava entre os 6 e 100 homens consoante o tipo de barco e a duração da viagem. 
O caravelão (as réplicas "Bartolomeu Dias" e "Boa Esperança" são caravelões), de 2 mastros, teria uns 20 metros de comprimento, 6 de boca e 40/50 tonéis. A caravela, de 3 mastros, variava dos 20 aos 30 metros de comprimento e dos 6 aos 8 metros de boca podendo chegar até 80 tonéis. A partir do final do séc. XV e princípios do séc. XVI nasce a caravela redonda com 4 mastros e mas com pano redondo no traquete - mastro de vante. Teriam chegado até aos 150 tonéis. É este tipo de barco que vai dar origem aos famosos galeões portugueses. A partir do reinado de D. João II passaram a ser artilhadas com canhões no convés em vez das armas de pouco calibre (falconetas, bombardas) que até então levavam. Também era tradicional trazerem dois olhos pintados à proa pois existia na época a crença de que assim vêem o caminho, tradição que perdurou até aos nossos dias como se comprova nos actuais barcos de pesca. Para evitar que outros países tivessem acesso aos novos conhecimentos técnicos e inovações que a caravela possuía, esta foi alvo de rigorosas medidas de protecção que não permitiam a venda daquela a estrangeiros nem o acesso aos carpinteiros que as construíam. As penalizações iam, entre outras, até à expropriação de todos os bens de quem o fizesse. 

 

NAU

Já se conhecia o regime de ventos do Atlântico, a costa atlântica de África tinha sido convenientemente explorada, tarefas essas levadas a cabo pelas caravelas. Depois da ida de Vasco da Gama à Índia as viagens já não eram de exploração e eram naturalmente mais longas. Por isso os navios tinham de ir melhor artilhados e sobretudo o espaço para a carga começava a desempenhar um papel fundamental. Nasce assim a nau que desde o séc. XVI até ao séc. XIX foi de 100/200 tonéis até ultrapassar os 900 e mais. No séc. XVI a nau tinha duas cobertas. A primeira, corrida de vante à ré, abrigava o porão de carga, os tonéis da aguada, os paióis de mantimentos, cabo, pano, e munições. A segunda à proa constituía o pavimento do castelo de proa e à ré a tolda do capitão. Tinha três mastros e cestos da gávea nos dois de vante. Aparelhava pano redondo nos mastros da frente e latino no de mezena para ajudar a orça do barco. A tripulação ia de 25 a 30 homens. Uma das mais célebres terá sido a S. Gabriel pela façanha da descoberta do caminho marítimo para a Índia. 

A Caravela das Descobertas (http://www.geocities.com/j.aldeia)
No principio da idade Média, apareceu no Mediterrâneo, uma vela triangular, alinhada com o eixo Longitudinal do casco, contrariando a até aí utilizada, que era perpendicular ao mesmo eixo e de configuração quadrada, chamada Redonda, por ao longe parecer redonda. Não se sabe quem a utilizou pela primeira vez. Árabes, Indianos ou até Indonésios, são apontados como os precursores de tal sistema que permite à embarcação navegar contra o vento a uns 50 ou 60 graus. 


No século XII, o poder naval no Mediterrâneo repartia-se entre Génova, Pisa, Veneza, Marselha e Barcelona, que com os seus navios mercantes pesados e bojudos, mais ou menos semelhantes, pois a evolução da construção naval não sofrera qualquer melhoria, limitavam-se a seguir os traços clássicos das naus romanas, governadas por lemes laterais. 


Já no século X, os árabes usavam no Mediterrâneo uma embarcação robusta, de formas finas, pouco alterosa e de fraco calado, usada na pesca e no transporte de géneros, chamada “Caravo”, que armava com uma vela latina. Com a ocupação da Península Ibérica, é de prever que este tipo de embarcação tenha vindo com os invasores, e tenha chamado a atenção dos armadores da costa do Atlântico, devido às suas qualidades náuticas. 
Os Portugueses introduziram grandes melhoramentos nos “Caravos” e muito antes que a Europa tivesse tido conhecimento desta nova nave, já elas operavam na costa Atlântica, aparelhando com um ou dois mastros latinos, e deslocando não mais que 60 toneladas com uma tripulação de 10 a 12 homens. Eram as Caravelas, mais conhecidas por “Pescarezas”. 
A primeira referência ao nome Caravela, surge no foral de Vila Nova de Gaia, doado em 1255 pelo rei D. Afonso III. Durante mais de 450 anos a caravela tornou-se célebre pelo mundo. Em 1575 escrevia o escritor Escalante de Mendonça: ... “ a Caravela Portuguesa foi a melhor invenção que até ao tempo se alcançou para a navegação de bolina”. A palavra Caravela parece ser o diminutivo de “Caravo”. 
A Caravela Portuguesa foi o navio escolhido para a demanda dos Descobrimentos, substituindo as barcas e barinéis. O arqueólogo Espanhol Fernandez Duro, refere-se no seu estudo sobre Caravelas assim: “No fueron exclusivas de los españoles, antes cobraron fama Universal las de Portugal, donde talvez se iniciaron y las adoptaron las más de las naciones marítimas”. Mestres de bolinar, os Portugueses, mantiveram, durante muitos anos, o segredo desta arte no Oceano. Por isso chegaram até ao Cabo da Boa Esperança, sem a concorrência do resto da Europa, que temia o mar sem fim, e coberto de monstros e lendas que não deixavam os navios de velas redondas regressarem.  A vida a bordo era de uma dureza atroz. Os homens viviam num ambiente constantemente molhado. A alimentação era à base de biscoitos, peixe seco ou salgado, toucinho salgado, azeite, vinagre, vinho e água.  O leme era de difícil manejo e exigia muita concentração. Os homens dormiam onde podiam. Por vezes era necessário encalhar o navio para o beneficiar abaixo da linha de água (querenar). Eram homens duros e determinados.  Boas bolineiras, mas não tão boas com vento de popa, as Caravelas colmataram esta falha substituindo a vela principal por uma redonda. Era a maneira de puderem acompanhar as naus. Mais tarde os Portugueses associaram estes dois tipos de velas... 


Aproveitando a sua velocidade, as suas qualidades evolutivas e o seu reduzido tamanho. D. João II transformou a Caravela num excelente navio de guerra, armando-a com artilharia pesada, que disparando projécteis a arrasar as água, provocavam grandes estragos nas grandes Naus. As Naus, que até aí só usavam artilharia ligeira, nada podiam fazer contra tão pequeno e rápido navio, e, por isso, a Caravela Portuguesa tornou-se o terror dos mares. Começaram por usar canhões amarrados a troncos de madeira de difícil manejo. Rapidamente os canhões foram evoluindo, tendo sido a artilharia portuguesa a melhor do Mundo. 


Depois de dobrado o Cabo da Boa Esperança, reconheceu-se que a Caravela era demasiado ligeira para afrontar tais mares, e que o seu aparelho latino, requerendo cuidados especiais na sua manobra, não estava indicado para viagens longas. Para acompanhar as armadas para a Índia, esta teve de aumentar de tonelagem, que chegou a atingir as 200 toneladas e armar-se melhor. Nos finais do Século XVI a artilharia de uma Caravela de 160 toneladas consistia em: 2 esperas (colibrinas de 1292 Kgs cada); 4 pedreiros (764 Kgs cada); 6 falcões (430 Kgs cada) e 6 berços (96 Kgs cada). Os falcões e os berços tinham 18 câmaras de pólvora amovíveis, cada um.  Na sua evolução a Caravela aumentou o número de mastros e passou a usar o mastro da proa (traquete) com velas redondas. Para se distinguirem das Caravelas Latinas passaram a chamar-se “Redondas”. Foi na armada de Afonso de Albuquerque a Malaca em 1510 que este navio fez a sua aparição.  A Caravela Redonda, teve grande importância e podia ser encorpada nas Armadas. Reunia as qualidades de navegações da Caravela, e a potência de fogo de uma Nau de linha. Aplicaram-lhe um castelo à proa. O armamento aumentou. Há documentos, que indicam que o armamento de uma destas Caravelas da Armada era de vinte bombardas, seis camelos ou canhões pedreiros e doze falcões (peças de 700 Kgs, que lançavam balas de 800 grs). Estas Caravelas, foram as precursoras do galeão.  Por ser muito bolineira e rápida, velejando a favor e contra o vento a Caravela na sua versão mais pequena foi usada durante largos anos, como navio explorador, de vigilância ou para transmissão de ordens – eram as Caravelas Mexeriqueiras.  Segundo a observância de ilustrações que chegaram até hoje, indiciam que as Caravelas terão usado dois sistemas de colocação das velas: por dentro e por fora das enxárcias. Tudo indica que a colocação por dentro foi introduzida pelos portugueses, para facilitarem a manobra de mudança da rota do navio, quando navegavam contra o vento. Uma coisa é certa: até ao virar do século XIX, em navios com ocupações diferentes, os dois sistemas coexistiram, sem se excluírem mutuamente. 

 

A partir de 1441, os portugueses passaram a utilizar caravelas nas suas viagens de exploração atlântica. Tal tipo de navio veio a revelar-se o mais adequado para a realização deste tipo de expedições, pois era um navio adaptado à exploração, rápido e usado como recurso de defesa de algumas armadas. A caravela originalmente definia-se por transportar pano latino, o que lhe dava possibilidade de fazer um tipo de manobra que em mares não conhecidos se tornou indispensável: bolinar - possibilidade de recorrer a uma maior amplitude de ventos.
A Caravela portuguesa deriva da longa tradição árabe das embarcações pesqueiras do sul do país (Algarve). O primeiro documento conhecido onde aparece a palavra caravela é o foral de Vila Nova de Gaia, concedido em 1255 por Afonso III. O aperfeiçoamento deste tipo de embarcação resultou num novo e versátil tipo de navio, que proporcionou viagens mais rápidas a longa distância. No início do séc. XV começa a ser utilizada nas viagens marítimas dos Descobrimentos portugueses, sobretudo ao longo da costa africana. Eram navios ligeiros, rápidos, capazes de navegar em todas as águas e com todos os ventos. As suas velas triangulares, vela latina, permitiam-lhes bolinar, isto é, navegar com ventos contrários. 
A caravela foi uma embarcação usada e inventada pelos portugueses e também usada pelos espanhóis durante a Era dos Descobrimentos, nos séculos XV e XVI. Segundo alguns historiadores, o vocábulo é de origem árabe carib (embarcação de porte médio e de velas triangulares — velame latino). De acordo com outros, no entanto, a palavra seria derivada de carvalho, a madeira usada para construir as embarcações. A caravela é um navio rápido, de fácil manobra, apto para a bolina, de proporções modestas e que, em caso de necessidade, podia ser movido a remos. Eram navios de pequeno porte, de três mastros, um único convés e ponte sobrelevada na popa; deslocavam 50 toneladas. As velas «latinas» (triangulares) eram duas vezes maiores que as das naus, o que lhes permitia ziguezaguear contra o vento e, consequentemente, explorar zonas cujo regime dos ventos era desconhecido. Apetrechada com artilharia, a caravela transformou-se mais tarde em navio mercante para o transporte de homens e mercadorias. Gil Eanes utilizou um barco de vela redonda, mas seria numa caravela (tipo carraca) que Bartolomeu Dias dobraria o Cabo da Boa Esperança, em 1488. É de salientar que a caravela é uma invenção portuguesa, em conjunto com os conhecimentos que haviam adquirido dos árabes. Se bem que a caravela latina se revelou muito eficiente quando utilizada em mares de ventos inconstantes, como o Mediterrâneo, devido às suas velas triangulares, com as viagens às Índias, com ventos mais calmos, tal não era uma vantagem, já que se mostrava mais lenta que na variação de velas redondas. A necessidade de maior tripulação, armamentos, espaço para mercadorias fê-la ser substituída por navios mais potentes.
A caravela redonda foi usada pelos navegadores portugueses entre finais do século XV e meados do século XVII. Resultou da adaptação da caravela latina aos grandes trajectos oceânicos, onde os ventos eram regulares e dos sectores da popa, proporcionando a vela redonda um considerável aumento de velocidade. Tinham uma grande capacidade de transporte, podendo até rivalizar com algumas naus. Não existem planos de navios da época. O presente modelo foi construído com base em referências feitas pelo Padre Fernando de Oliveira na sua obra «Arte da Guerra no Mar», impressa em 1555, e em investigações levadas a cabo por especialistas que se fundamentarem em descrições, baixos-relevos, quadros e gravuras da época.
O caravelão possui duas velas triangulares. Tal como sucedia com outras embarcações, as dimensões variavam muito. Existiram navios de pequeno porte até caravelões com cerca de 80 toneladas e 15 metros de comprimento de quilha. O que se apresenta é um modelo conjectural, resultante de uma intensa investigação a partir de documentos da época.  Tanto a “Boa Esperança” e a “Bartolomeu Dias” são caravelões. A partir do reinado de D. João II, passaram a estar artilhadas com canhões no convés, assumindo uma componente mais ofensiva. Pensa-se que, à semelhança de outros navios da época, teria dois olhos pintados na proa que, segundo a tradição, “assim vêem o caminho”. Ainda hoje, muitas embarcações de pesca respeitam essa tradição.
Nau é o sinónimo arcaico para navio, nave ou barco de grande porte destinado a longos percursos. Em vários documentos históricos a nau surge com a denominação de nave (do latim, "navis"), termo utilizado quase sempre entre 1211 e 1428. Opõe-se-lhe o termo embarcação, aplicado a barcos de menores proporções, utilizados em percursos pequenos. Durante a época dos Descobrimentos, houve uma evolução dos tipos de navio utilizados. A barca, destinada à cabotagem e pesca, era ainda utilizada ao tempo de Gil Eanes, quando, em 1434, dobrou o Cabo Bojador, e seria sucedida pela caravela. Concretamente, na Baixa Idade Média, mais precisamente entre o século XIII e a primeira metade do XV, as naus, ainda tecnicamente longe daquilo que seriam nos Descobrimentos, serviam essencialmente para transportar mercadorias que provinham dos portos da Flandres, no Norte da Europa, para a península Itálica, no Mar Mediterrâneo, e vice-versa. Na época de Fernando I de Portugal as naus desenvolveram-se em termos náuticos e multiplicaram-se de forma assinalável em Portugal. Devido à pirataria que assolava a costa portuguesa e ao esforço nacional de criação de uma armada para as combater, as naus passaram a ser utilizadas também na marinha de guerra. Nesta altura, foram introduzidas as bocas-de-fogo, que levaram à classificação das naus segundo o poder de artilharia: naus de três pontas (100 a 120 bocas) e naus de duas pontas e meia (80 bocas). A capacidade de transporte das naus também aumentou, alcançando as duzentas toneladas no século XV, e, as quinhentas, no século seguinte. Com a passagem das navegações costeiras às oceânicas, houve necessidade de adaptar as embarcações aos novos conhecimentos náuticos e geográficos. À medida que se foi desenvolvendo o comércio marítimo e se tornou necessário aumentar a capacidade do transporte de mercadorias, armamento, marinheiros e soldados, foram sendo modificadas as características dos navios utilizados. Surgiam então as caravelas de armada e, posteriormente, as naus. Em 1492 Cristóvão Colombo zarpou das Ilhas Canárias rumo ao descobrimento da América com a nau Santa Maria, a caravela redonda Pinta e a caravela latina Niña. Em 1497 partiu Vasco da Gama para a Índia já com três naus e uma caravela. De grande porte, com castelos de proa e de popa, dois, três ou quatro mastros, com duas ou três ordens de velas sobrepostas, as naus eram imponentes e de armação arredondada. Tinham velas latinas no mastro da ré. Diferentes das caravelas, galeões e galé, as naus tinham, em geral, duas cobertas. No século XVI tinham tonelagem não inferior a 500, embora, segundo o testemunho do Padre Fernando de Oliveira, no seu “Livro da Fábrica das Naus”, em meados desse século as naus eram armadas com crescente tonelagem.

 

in: http://www.caestamosnos.org/Pesquisas_Carlos_Leite_Ribeiro/Portugal_Navegacoes.html (19/06/2014)

 

 

 

 

 

 

 

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