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Portugal - País de Navegadores, Marinheiros e Descobridores I

Pesquisa de Carlos Leite Ribeiro

Os Descobrimentos marítimos portugueses, devem ter tido origem na Guerra dos Cem Anos (01), que acabou com o comércio entre o Oriente e a Europa e, também, com a Crise de 1383/1385 (02), em Portugal. D. João Iº foi muito ajudado por mercadores, que na altura sentiam a falta de produtos para negociar. O monarca português sentiu necessidade de conseguir novos produtos para negociar e equilibrar as finanças do Reino. Para tal, Portugal sentia necessidade de expandir-se. Assim, no dia 25 de Julho de 1415, largou do Tejo uma esquadra de cerca de 200 navios, em que seguiam o próprio D. João Iº, seus filhos D. Duarte (futuro rei), D. Pedro e D. Henrique, além do Condestável D. Nuno Álvares Pereira. A esquadra, a 21 de Agosto desse ano, chegou às portas de Ceuta. Depois do desembarque, a praça foi conquistada.

 

 

(01) A Guerra dos Cem Anos: Desenrolou-se por quatro períodos: o primeiro entre 1337 e 1364, o segundo entre 1364 e 1380, o terceiro entre 1380 e 1422, e o quarto entre 1422 e 1453.

 

(02) A Crise de 1383/1385: Em Portugal vivia-se uma grande crise económica e social, agravada com a crise política que se seguiu à morte de D. Fernando, em Outubro de 1383. 

Os Descobrimentos marítimos portugueses, devem ter tido origem na Guerra dos Cem Anos (01), que acabou com o comércio entre o Oriente e a Europa e, também, com a Crise de 1383/1385 (02), em Portugal. D. João Iº foi muito ajudado por mercadores, que na altura sentiam a falta de produtos para negociar. O monarca português sentiu necessidade de conseguir novos produtos para negociar e equilibrar as finanças do Reino. Para tal, Portugal sentia necessidade de expandir-se. Assim, no dia 25 de Julho de 1415, largou do Tejo uma esquadra de cerca de 200 navios, em que seguiam o próprio D. João Iº, seus filhos D. Duarte (futuro rei), D. Pedro e D. Henrique, além do Condestável D. Nuno Álvares Pereira. A esquadra, a 21 de Agosto desse ano, chegou às portas de Ceuta. Depois do desembarque, a praça foi conquistada.

 

 

(01) A Guerra dos Cem Anos: Desenrolou-se por quatro períodos: o primeiro entre 1337 e 1364, o segundo entre 1364 e 1380, o terceiro entre 1380 e 1422, e o quarto entre 1422 e 1453.

 

(02) A Crise de 1383/1385: Em Portugal vivia-se uma grande crise económica e social, agravada com a crise política que se seguiu à morte de D. Fernando, em Outubro de 1383. 


A herdeira legítima do trono português era a filha de D. Fernando e de D. Leonor Teles, casada uns meses antes com o rei de Castela. Segundo o estabelecido no contrato de casamento, enquanto D. Beatriz não tivesse um filho maior, Portugal seria governado por D. Leonor, a rainha viúva. Mas o povo não gostava de D. Leonor! Já em 1372, os mesteirais de Lisboa, seguidos depois pelos de Santarém, Alenquer, Tomar e Abrantes, se tinham manifestado violentamente contra o casamento de D. Fernando com D. Leonor, ousadia que foi duramente castigada. Em 1383, o povo, a burguesia e alguns membros da baixa nobreza não se conformavam com o governo de D. Leonor, favorável aos interesses de Castela e da grande nobreza senhorial, tecendo então uma conspiração para matar o Conde João Fernandes Andeiro, amante e principal conselheiro político da rainha viúva. Esta conspiração foi chefiada por Álvaro Pais, rico burguês de Lisboa e Chanceler de D. Pedro e D. Fernando. Para executar o plano da morte do Conde Andeiro foi escolhido D. João, Mestre da Ordem Militar de Avis, filho ilegítimo de D. Pedro e meio-irmão de D. Fernando. O povo de Lisboa apoiou a morte do Conde Andeiro e passou a ter o papel mais importante na condução dos acontecimentos que se seguiram. Perante o alarme para acudirem ao Paço a fim de evitar a morte do Mestre por traição do Conde e da Rainha, os populares de Lisboa aclamam-no e proclamam-no "Regedor e Defensor do Reino" , obrigando alguns burgueses receosos a aceitar esta decisão. Seguiram-se revoltas populares que alastraram por todo o país, dirigidas sobre - tudo contra os poderosos nobres e clérigos que recusavam aderir à causa do Mestre. O Bispo de Lisboa foi uma das muitas vítimas que morreu às mãos da vingança popular. O País ficou dividido quanto à sucessão ao trono. A maior parte da nobreza apoiava D. Beatriz e o povo, a burguesia e a baixa nobreza apoiavam o Mestre de Avis.  O descontentamento popular e os impulsos revolucionários são depois canalizados para a defesa da independência de Portugal, quando o rei de Castela invade o país e cerca Lisboa, em 1384, para defender o direito ao trono da sua mulher, D. Beatriz. Após longos meses de cerco a Lisboa, os exércitos castelhanos retiram-se com medo da peste que entretanto se tinha declarado e em Março de 1385 as Cortes reuniram em Coimbra a fim de escolher um rei entre os vários candidatos ao trono. Graças aos argumentos do Doutor João das Regras, foi aclamado rei o Mestre de Avis, com o nome de D. João I. Mas o rei de Castela não se conformou com a decisão das Cortes portuguesas e voltou a invadir Portugal com um exército poderoso, no qual se incluíam alguns nobres portugueses que apoiavam D. Beatriz. Em 14 de Agosto de 1385, os exércitos castelhano e português defrontaram-se em Aljubarrota, acabando a batalha com a vitória dos portugueses e a confirmação da independência de Portugal. Na preparação desta batalha destacou-se a estratégia e técnica militar do quadrado, levada a cabo por D. Nuno Álvares Pereira.

 

Assim, o início do empreendimento português na África esteve associado à continuidade das Cruzadas contra os mouros e ao interesse em encontrar novas rotas de comércio com o Oriente. Se entre as causas atribuídas à expansão ultramarina portuguesa encontrava-se a busca de novos produtos a serem comercializados, como a pimenta, o cravo e a canela, provenientes da Índia, o gradual conhecimento e exploração da costa africana iria cumprir, ao longo de sua colonização, um outro objectivo: o provimento da mão-de-obra necessária para suprir a escassez de trabalhadores no Reino e nas conquistas.

O corso português tornou-se comum no século XIV, altura em que D. Dinis contratou Manuel Pessanha, ficava com um quinto da riqueza dos barcos e com os navios e as armas destes. A partir de 1443 os corsos portugueses passaram o tributo, tal como pagavam a D. Dinis, de um quinto das pilhagens efectuadas ao Conde D. Henrique. Um dos principais objectivos dos portugueses era dominar o estreito de Gibraltar de modo a combater parte da pirataria e do corso mouro, assim como com o domínio deste espaço este se tornaria num importante entreposto comercial. O corso português destacou-se principalmente contra o reino de Granada, no sul de Espanha, enfraquecendo assim o domínio deste reino muçulmano na Europa. Em 1446 reuniram-se as cortes em Lisboa, onde os mercadores algarvios, representados pelos armadores de Tavira queixaram-se das perseguições e pilhagens dos compatriotas armados lhes faziam a eles e aos aliados cristãos (castelhanos, galícios, aragoneses, entre outros), fazendo assim com que o Algarve perdesse a sua importância como ponto de cabotagem. Entre os corsos portugueses desta época destacaram-se Gonçalo Pacheco, Mafaldo, Lançarote, etc.

 

Piratas e Corsários Portugueses - Carlos Fontes
Desfrutando de uma extensa costa debruçada sobre o Atlântico, pontuado por muitos portos estratégicos para o comércio marítimo, era natural que Portugal fosse ao longo dos séculos uma das principais vítimas dos piratas e dos corsários.  A história que está feita incide sobretudo na descrição de ataques de piratas, escravatura e resgates de portugueses. Conhece-se relativamente bem as inúmeras acções punitivas contra os mesmos, nomeadamente no Oriente, mas muito pouco se sabe sobre a longa e surpreendente história dos piratas e corsários portugueses. Ao contrário dos ingleses e   franceses os mesmos nunca foram assumidos como heróis, sendo sempre encarados como  personagens incómodas na suposta Missão de Portugal no Mundo. Século XIV. No início do século organiza-se em Portugal as actividades de corso. Em 1317, o rei D. Dinis, contrata o genovês Manuel Pessanha para actuar nas costas de Portugal, em particular no Alentejo e Algarve. Pessanha ensina os portugueses a atacarem navios inimigos utilizando galés, os navios a remos que eram utilizados no Mediterrâneo. No século seguinte, os portugueses passam a usar barcos à vela com canhões, uma enorme inovação tecnológica. Século XV. Os portugueses eram já considerados os maiores piratas e corsários da cristandade. A actividade era extremamente lucrativa, à qual se dedicava a nobreza e a família real. Era uma actividade considerada nobre e honrada, sobretudo quando dirigida contra infiéis. O Infante D. Henrique, por exemplo, tinha navios no saque. A conquista de Ceuta, em 1415, a que se seguiu outras cidades como Alcácer Seguer (1458), Arzila ou Safim, permitiu aos portugueses não apenas controlar o Estreito de Gibraltar, mas também criar no Norte de África um poderoso centro para a pirataria e o corso. Ceuta só foi abandonada em 1640 pelos portugueses, quando perante a guerra com a Espanha se tornou inviável manter esta praça armada. Entre os muitos corsários do século XV, destaca-se Pedro de Ataíde, fidalgo da Casa Real. O mais célebre corsário português, um verdadeiro  terror dos mares. Era conhecido por "O Corsário" ou  "O Inferno". Está por fazer a história deste corsário. Sabe-se que por volta de 1470, andava a atacar navios bretões e de S. Malô, mas também as costas da Andaluzia. Em 1471/72 comandou uma armada à Guiné. Em Julho de 1476 era capitão de armada ao serviço do rei. Morreu um mês depois quando estava envolvido numa batalha contra navios genoveses e flamengos ao largo da Costa de S. Vicente. Século XVI. Os portugueses praticam em larga escala a pirataria no Oriente, numa guerra sem quartel, nomeadamente contra os muçulmanos. Entre os mais conhecidos piratas portugueses do Oriente, conta-se o fidalgo Simão de Andrade que entre muitas outras façanhas contam-se os saques que praticou na China (1519). A literatura portuguesa da época, como a Peregrinação (1583) de Fernão Mendes Pinto, contém inúmeros relatos destas acções de pirataria. 

 

O aumento do comércio marítimo através do Atlântico fez disparar o número de barcos corsários, sobretudo os franceses e os muçulmanos (Norte de África). Para se ter uma ideia basta dizer que entre 1508 e 1538 registam-se 423 aprisionamentos de navios portugueses por parte do corso francês (cf.O Grande Livro da Pirataria e do Corso, de Ramalhosa Guerreiro).

No final do reinado de D. Manuel, foi criada uma Esquadra do Estreito cuja função era a de proteger a navegação que cruzava a entrada do Mediterrâneo, os portos do Algarve e as praças africanas, dos diversos tipos de corso que assolavam esta zona. D. João III endurecem também a repressão, provocando sobretudo da parte dos franceses constantes protestos. Foram diversas medidas de rotecção, nomeadamente obrigando os navios comerciais andarem em comboios, protegidos por navios de guerra. 
Na segunda metade do século XVI tornam-se cada vez mais frequentes os relatos de portugueses que estão ao serviço de outros piratas e corsários. A sua longa experiência dos mares permite-lhes levá-los ao coração do Império Espanhol. Um dos casos mais célebres, mas não único, foi o caso do piloto Nuno da Silva, capturado em Cabo Verde por Francis  Drake. Foi um dos dois pilotos portugueses que o conduziu na travessia do Estreito de Magalhães e depois às costas do Peru para saquear os espanhóis, permitindo-lhe depois circundar o mundo (1578). No regresso terá parado em Lisboa, onde aliás voltaria anos depois ao serviço do Prior do Crato. O embaixador espanhol em Londres escreveu a Filipe II: "el Draques afirma que si no fuera por dos pilotos portugueses que tomó en un navío que robó y hechó a fondo en la costa del Brasil a la yda no pudiera haver echo el viage. Ha dado a la Reyna un diario de todo lo que le ha sucedido en los tres años y una gran carta" (Carta de Bernardino de Mendoza a Filipe II, 16/10/1580).
Ocupação Espanhola (1580-1640). No final do século quando Portugal é ocupado pela Espanha muitos portugueses aliaram-se a corsários e piratas de outras nações para combaterem os espanhóis. Os relatos são impressionantes da sua acção, nomeadamente da forma como os conduziram os piratas e corsários ao centro do Império Espanhol. A sua experiência e conhecimento dos mares foi decisiva para o êxito das expedições inglesas, holandesas e francesas. 
Em 1591 um português integrava uma pequena frota de corsários ingleses nas Caraíbas, tendo procurado depois iludir uma galé espanhola ao largo de Cuba sobre a a nacionalidade do navio em que seguia. No final do ano, outro piloto português embarcado no porto de Santos conduziu a expedição de Thomas Cavendish, na tentativa de atravessar o Estreito de Magalhães.
Em 1593, os espanhóis afirmam um portugueses serviu de guia ao corsário John Burgh nas Caraíbas que terminou no saque da ilha Margarita. Neste ano, o piloto português Diogo Peres conduz o James Langton em mais um saque aos espanhóis nas Caraíbas. No ano anterior deu falsas informações ao Governador espanhol de Santo Domingo sobre as movimentações de Francis Drake e do conde de Cumberland de modo a facilitar-lhes a pilhagem.
Na Holanda onde existia uma enorme colónia de portugueses, muitos deles dedicaram-se à pirataria e corso contra os espanhóis. Entre eles, destacam-se Simão de Cordes e o seu irmão Baltazar de Cordes, dois portugueses ou seus descendentes que foram os primeiros corsários holandeses (1598-1600). Ficaram célebres pelas pilhagens e massacres que fizeram numa colónia espanhola (Chile). 
Durante a ocupação de Portugal estes piratas e corsários atacam indistintamente possessões espanholas e portuguesas, de forma a enfraquecerem a Espanha. Entre as terras ou possessões portuguesas, algumas foram completamente pilhadas: Bahia (Brasil)-1587; Santos(Brasil) -1591; Recife (Brasil)-1595; Açores-1589; Faro-1596; Sagres-1597; Ormuz-1622; etc. 
Século XVII (Depois de 1640). Depois da restauração da Independência, em 1640, Portugal envolve-se numa longa guerra com a Espanha que só termina em 1668. Durante este período, aumenta o número dos portugueses piratas e corsários, mas são apoios os de outras nações que andam no saque às colónias espanholas. Era uma forma barata de fazer a guerra no mar. Em 1645, o embaixador espanhol em Londres informou Filipe IV, que uma expedição pirata fora muito bem sucedida nas Caraíbas devido à participação de marinheiros portugueses. Nos mares da Jamaica, Cuba e no golfo do México, dois piratas portugueses ficaram tristemente célebres:
- Bartolomeu, o português. Era profundamente católico, andava sempre de crucifico ao peito. Em 1662 apoderou-se na costa cubana de Manzanillo de uma pequena embarcação que armou com quatro canhões. Com a patente de corso do governador de Jamaica, em 1663, tomou navio mercante espanhol em Cabo Corrientes (Cuba) que levava 75.000 escudos e 100.000 libras de cacau. Foi capturado em Campeche (golfo do México), julgado e sentenciado à morte, mas conseguiu fugir, unindo-se depois a outros piratas e corsários. Voltou a Campeche, apoderando-se de outra embarcação. Sabemos que naufragou nos Jardins da Reina (Cuba), mas conseguiu chegar à Jamaica muito ferido. Meteu-se depois em outras expedições cujos resultados ignoramos. Parte das suas façanhas foram publicadas na Holanda, em 1678, na obra "Os Bucaneiros da América"de John Esquemeling.
- Rocha, o brasileiro (Roche ou Rock Brasiliano). (c.1630-c.1675). Alguns historiadores afirmam tratar-se de um holandês ligado por razões desconhecidas ao Brasil. Em 1670 atacou Campeche. Era um verdadeiro psicopata, tinha um ódio de morte aos espanhóis, submetendo-os às piores barbaridades. 
Os ataques de piratas e corsários às costas de Portugal e das suas colónias só diminuíram quando foi reconstruída a marinha portuguesa e levantado um eficiente sistema de fortificações.  A paz com a Holanda (Tratado de Haia, 1661) e o relançamento da Aliança com a Inglaterra levaram à diminuição dos piratas destes países. A principal ameaça continuou a ser a dos piratas muçulmanos, mas também a dos franceses que se haviam especializado nas pilhagens. 
Século XVIII / XIX. No século XVIII o corso continua solidamente implantado em Portugal, devido aos constantes conflitos com a Espanha e a França. O corso continuava a ser uma forma barata de manter uma guerra. Os ataques dos piratas muçulmanos do Norte de África eram outras das preocupações, cujas pilhagens se prolongaram até meados do século XIX.  Em meados do século foi de novo organizada uma esquadra portuguesa para proteger o Estreito de Gibraltar, cuja actividade se prolongou até 1807. Ao longo do século foram muitas as acções punitivas contra os piratas no Mediterrâneo realizadas por iniciativa própria ou a pedido de outras nações. Nesta altura dois dos grão-mestres da Ordem de Malta, sediada na Ilha de Malta no Mediterrâneo, eram portugueses: António Manoel de Vilhena (1722 - 1736) e Manoel Pinto da Fonseca (1741 -1773). Esta Ordem tinha um papel destacado no combate contra a pirataria e o avanço dos muçulmanos na frente sul da Europa.

 

Os corsários ingleses tinham em Portugal uma base de apoio estratégica para assaltarem os navios espanhóis e franceses. Em Lisboa reabasteciam-se e vendiam o produto dos saques. Ainda em 1780, entrou pelo Tejo dois navios mercantes franceses tomados por corsários ingleses, os quais foram depois transformados em barcos de guerra destinados ao corso nas costas de Espanha, só não seguiram para o seu destino devido aos protestos do embaixador deste país.

Há abundantes registos de portugueses ao serviço de corsários de outros países europeus em finais do século XVIII.
Uma das últimas grandes acções de pirataria de portugueses ocorreu em 1823, quando prosseguiam as negociações para a separação do Brasil de Portugal. Os que haviam aderido à causa da separação iniciam uma guerra de corso contra Portugal. Alguns atacam os seus navios nas águas dos Açores e muito perto das costas do Continente. 

 

 

Ciência Náutica Portuguesa 

No século XIII eram já conhecidas as regras de navegação através da posição solar, como transparece nos Libros del Saber de Astronomia compilados pelo rei Afonso X de Castela e em outras obras de cariz similar, assim como no Tratado de Tordesilhas se menciona o Regimento do Sol. Derivando e aproveitando este saber, a ciência náutica portuguesa consistiu num somatório progressivo de preceitos relativos à navegação astronómica no Oceano Atlântico durante o século XV, tendo contribuído para esta compilação a experiência dos pilotos. A navegação era feita num período inicial por estimativa do piloto, e posteriormente através da comparação das alturas da Estrela Polar, apesar de poder ser tomada uma outra estrela bem visível como referência. Evoluindo, foram sendo adicionadas sete posições diurnas da mesma Estrela e elaborado o inovador Regimento da Estrela do Norte ou da Polar que no século XV compilou todas as normas de navegação segundo este sistema. Após a edição deste manual iniciou-se uma navegação que tinha em consideração as latitudes, que foram também calculadas através da altura meridiana e das tabelas de declinação do Sol. A toleta de marteloio deu origem a uma obra mais perfeita, o "Regimento das Léguas", que permitia calcular a quantidade de léguas navegadas entre dois paralelos, tendo também contribuído para a ciência náutica portuguesa os catálogos das declinações de estrelas e outras normas práticas. A expansão portuguesa obrigou igualmente a uma evolução bastante rápida da ciência náutica, uma vez que se tornou necessário superar novos obstáculos, tendo a investigação e evolução estado a cargo de uma elite de astrónomos, pilotos, matemáticos e cartógrafos, entre os quais se destacaram Pedro Nunes (com os estudos sobre a forma de determinar as latitudes por meio dos astros, entre outros) e D. João de Castro (que investigou o magnetismo da Terra).
Coordenadas geográficas:
O sistema de mapeamento da Terra através de coordenadas geográficas expressa qualquer posição horizontal no planeta através de duas das três coordenadas existentes num sistema esférico de coordenadas, alinhadas com o eixo de rotação da Terra. Herdeiro das teorias dos antigos babilónios, expandido pelo famoso pensador e geógrafo grego Ptolomeu, um círculo completo é dividido em 360 graus (360°).
Localização absoluta: Para localizar qualquer lugar na superfície terrestre de forma exacta é necessário usar duas indicações, uma letra e um número. Temos que utilizar elementos de referência que nos permitam localizar com exactidão qualquer lugar da Terra. A rede cartográfica ou geográfica dá-nos a indicação das coordenadas geográficas. Os pontos de orientação que acabamos de estudar dão um rumo, isto é, uma direcção, mas não permitem localizar com exactidão um ponto na superfície terrestre. Assim, quando dizemos que a área X está a leste de Y, não estamos dando a localização precisa dessa área, mas apenas indicando uma direcção. Para saber com exactidão onde se localiza qualquer ponto da superfície terrestre — uma cidade, um porto, uma ilha, etc. — usamos as coordenadas geográficas. As coordenadas geográficas baseiam-se em linhas imaginárias traçadas sobre o globo terrestre: os paralelos são linhas paralelas ao equador — a própria linha imaginária do equador é um paralelo;  os meridianos são linhas semicirculares, isto é, linhas de 180° — eles vão do Pólo Norte ao Pólo Sul e cruzam com os paralelos.  Cada meridiano possui o seu anti-meridiano, isto é, um meridiano oposto que, junto com ele, forma uma circunferência. Todos os meridianos têm o mesmo tamanho. Convencionou-se que o meridiano de Greenwich, que passa pelos arredores da cidade de Londres, na Inglaterra, é o meridiano principal. A partir dos paralelos e meridianos, estabeleceram-se as coordenadas geográficas, que são medidas em graus, para localizar qualquer ponto da superfície terrestre.
O astrolábio é um instrumento naval antigo, usado para medir a altura dos astros acima do horizonte. Inventado por Hiparco de Nicéia, era usado para determinar a posição dos astros no céu e foi por muito tempo utilizado como instrumento para a navegação marítima com base na determinação da posição das estrelas no céu. Mais tarde foi simplificado e substituído pelo sextante. Também era utilizado para resolver problemas geométricos, como calcular a altura de um edifício ou a profundidade de um poço. Era formado por um disco de latão graduado na sua borda, num anel de suspensão e numa mediclina (espécie de ponteiro). O astrolábio náutico era uma versão simplificada do tradicional e tinha a possibilidade apenas de medir a altura dos astros para ajudar na localização em alto mar. Não existem vantagens nem desvantagens entre os instrumentos antigos de navegação; de certa forma são instrumentos perfeitos que atendem suas funções para onde foram projectados, nesse sentido a função do astrolábio é uma e o quadrante é outra. A única diferença (interpretada como vantagem) é o facto de um ser um instrumento terrestre, portanto fixo ao solo, para se usar numa ilha ou num continente e mirar uma determinada estrela próxima ao pólo Estrela Polar e o outro um instrumento de bordo, portátil, mais pesado e próprio para medir a passagem meridiana com a sombra do sol. Sob a precisão, ambos funcionavam bem tanto no hemisfério sul como no hemisfério norte mas principalmente o astrolábio pelo seu peso era capaz de permanecer na vertical apesar do balanço do navio portanto, indicado para funcionar embarcado. O astrolábio moderno de metal foi inventado por Abraão Zacuto em Lisboa, a partir de versões árabes pouco precisas. O disco inicial foi parcialmente aberto para diminuir a resistência ao vento. O manejo do astrolábio exigia a participação de duas pessoas; consistia em grande círculo, por cujo interior corria uma régua; um homem suspendia o astrolábio na altura dos olhos, alinhando a régua com o sol enquanto outro lia os graus marcados no círculo.

 

 

Rosa-dos-ventos: A rosa-dos-ventos é uma figura que mostra a orientação das direcções cardeais num mapa ou carta náutica. A utilização de rosas-dos-ventos é extremamente comum em todos os sistemas de navegação antigos e actuais. Os quatro pontos cardeais principais são:

Norte (0º de azimute cartográfico),

Sul (180º), Este ou Leste (90º) e Oeste (270º).

Há também quatro pontos colaterais; Nordeste (45º), Sudeste (135º), Noroeste (315º) e Sudoeste (225º). Finalmente, oito pontos subcolaterais; Norte-nordeste (22,5º), Leste-nordeste (67,5º), Leste-sudeste (112,5º), Sul-sudeste (157,5º), Sul-sudoeste (202,5º), Oeste-sudoeste (247,5º), Oeste-noroeste (292,5º) e Norte-noroeste (337,5º).
Pontos cardeais 
E: este ou leste 
N: norte 
O ou W: oeste 
S: sul 
Pontos colaterais 
NE: nordeste 
NO ou NW: noroeste 
SE: sudeste 
SO: sudoeste 
Pontos subcolaterais 
NNE: nor-nordeste 
ENE: lés-nordeste 
ESE: lés-sudeste 
SSE: sul-sudeste 
SSO ou SSW: sul-sudoeste 
OSO ou WSW: oés-sudoeste 
ONO ou WNW: oés-noroeste 

 

 

 

Cronologia dos Descobrimentos Portugueses 

 
Reinado de D. João I - 1383-1433
1394 - Nasce no Porto o Infante D. Henrique, o Navegador,  filho de D. João I.
1385 - Aclamação de D. João I que é proclamado rei pelas Cortes de Coimbra. 
Começo da Expansão Marítima, com início em 1415
1415 - Conquista de Ceuta.
1419 - Os Portugueses descobrem o arquipélago da Madeira.
1424 - Expedição às ilhas Canárias.
1427 - Os Açores são propostos à colonização.


Reinado de D. Duarte - 1434-1437
1434 - Gil Eanes atinge o Cabo Bojador, limite sul das terras conhecidas.
Regência do Infante D. Pedro e rei D. Afonso V, o Africano, 1441-1481
1438 - Regência de D. Pedro, tio do jovem rei D. Afonso V "o Africano".
1445 - Dinis Dias descobre o Cabo Verde.
1453 - Gomes Eanes de Zurara: a Crónica e Descoberta da Conquista da Guiné.
1456 - Descoberta do arquipélago do Cabo Verde.
1460 - Morre D. Henrique, o Navegador e Pêro de Sintra atinge a Serra Leoa.
1471 - Descoberta das ilhas do Príncipe e de São Tomé e Conquista de Tânger por D. Afonso V.
1472 - Gaspar Corte Real descobre Terra Nova.
1473 - Lopes Gonçalves ultrapassa o Equador.


Reinado de D. João II - 1482-1495
1487 - Bartolomeu Dias atinge o Cabo da Boa Esperança.
1493 - Bula pontifical dividindo o mundo em dois hemisférios (Tratado de Tordesilhas)
1494 - Tratado de Tordesilhas entre Portugal e a Espanha para a repartição dos territórios coloniais.


D. Manuel I - 1495-1521
1498 - Vasco da Gama chega a Calecut, na Índia.
1500 - Descobrimento do Brasil por Pedro Álvares Cabral e Dias chega a Madagáscar.
1501 - Envio da segunda Armada ao Brasil.
1506 - Lourenço de Almeida chega a Ceilão.
1509 - Os Portugueses entram Sumatra.
1511 - Diogo Álvares, o Caramuru, na Bahia.
1514 - Jorge Álvares atinge a China, por Cantão.
1519 - Fernão de Magalhães toca no Rio de Janeiro.


Reinado de D. João III - 1521-1557
1524 - Nasce Luís de Camões.
1526 - Os Portugueses estabelecem-se em Bornéu.
1534 - Inicia-se a colonização do Brasil com a criação das primeiras capitanias.
1542 - Rodrigues Cabrilho na Califórnia.
1543 - Os Portugueses no Japão.
1554 - Fundação de São Paulo, pelos Jesuítas.
1557 - Os Portugueses estabelecem-se em Macau


Bibliografia consultada:
Albuquerque, Luís (1985). Os Descobrimentos Portugueses. Lisboa: Publicações Alfa.
Carvalho, A. A. A.(2000). Multimédia, Hipermédia e World Wide Web. Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho (texto poli copiado).
Carvalho, A. A. A. (2001). Princípios para Elaborar Documentos Hipermédia. Texto submetido à II Conferência Internacional de Tecnologia de Informação e Comunicação na Educação, Universidade do Minho.
Carvalho, A. A. A. (1999). Os Hipermédia em Contexto Educativo. Aplicação e validação da Teoria da Flexibilidade Cognitiva. Braga: Centro de Estudos de Educação e Psicologia, Universidade do Minho.
Carvalho, A. A. A. (1999). Do HiperCard à World Wide Web: "O Primo Basílio: múltiplas travessias temáticas". In Paulo Dias e Cândido Varela de Freitas (eds), Actas da I Conferência Internacional Desafios'99/Chanllenges'99, 127-142.
Carvalho, A. A. A. e Dias, Paulo (2000). A Teoria da Flexibilidade Cognitiva na Formação à Distância: um estudo na World Wide Web. Actas do 1º Simpósio Ibérico de Informática Educativa.
Cortesão, Jaime (1962). Os Descobrimentos Portugueses. Lisboa: Edições Arcádia.
Serrão, Joel, direcção de (1963). Dicionário de História de Portugal. Lisboa: Iniciativas Editoriais.

NNO ou NNW: nor-noroeste

 

 

in: http://www.caestamosnos.org/Pesquisas_Carlos_Leite_Ribeiro/Portugal_Navegacoes.html (19/06/2014)

 

 

 

 

 

 

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