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Piratas e Corsários

A pirataria nos mares é praticada desde a antiguidade, embora tenha sido a partir do século IX que adquiriu enormes proporções, tendo atingido a sua Época de Ouro entre os séculos XV e XVIII. Os piratas actuavam à margem da lei, muitas vezes atacavam os navios do seu próprio país.

O Curso, isto é, a pirataria autorizada por um Estado atingiu o apogeu nos séculos XVI e XVII. Foi até ao século XIX uma forma dos estados possuírem uma "marinha de guerra" sem custos, concedendo o direito a particulares de se apossarem dos navios e saquearem as povoações dos seus inimigos. O corso desde o século XIV que estava regulamentado em muitos reinos europeus, como Portugal.

 

Vikingues

Os vikingues não eram um povo, mas organizações de bandidos que se dedicavam a saquer as povoações marítimas. As suas principais bases estavam localizadas na Suécia (Birka, Gotland), Noruega e na Dinamarca, onde acumularam enormes tesouros. Entre os séculos IX e X lançaram o terror não apenas no Norte da Europa, mas também na Península Ibérica e em todo o Mediterrâneo. Nos séculos XI e XII foram destruídos pelos novos reinos cristianizados.

Piratas Muçulmanos no Mediterrâneo

 

A expansão e domínio pelos povos islamizados da costa Oriental e Sul do Mediterrâneo irá permitir a criação da mais poderosa organização de piratas e corsários que o mundo jamais conheceu. 

 

 

Piratas e Corsários Portugueses

 

Desfrutando de uma extensa costa debruçada sobre o Atlântico, pontuado por muitos portos estratégicos para o comércio marítimo, era natural que Portugal fosse ao longo dos séculos uma das principais vítimas dos piratas e dos corsários. A história que está feita incide sobretudo na descrição de ataques de piratas, escravatura e resgates de portugueses. Conhece-se relativamente bem as inúmeras acções punitivas contra os mesmos, nomeadamente no Oriente, mas muito pouco se sabe sobre a longa e surpreendente história dos piratas e corsários portugueses.

Ao contrário dos ingleses e franceses, estes corsários e piratas portugueses, nunca foram assumidos como heróis, sendo sempre encarados como personagens incómodas na suposta Missão de Portugal no Mundo, e nesse sentido são omitidos na História de Portugal.

 

Século XII

Desde o reinado de D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal que temos conhecimento dos primeiros piratas e corsários portugueses.

O mais célebre de todos foi Fernão Gonçalves Churrichão, o Farroupim, mais conhecido por D. Fuas Roupinho. Comandava uma frota que atacava os navios de muçulmanos, nomeadamente os sediados em Ceuta, tendo morrido num combate ao largo da costa algarvia.

A partir da década de 70 do século XII, José Mattoso, afirma que passou a existir em Portugal "uma frota marítima capaz neutralizar a pirataria muçulmana e de assolar as povoações costeiras do litoral algarvio e andaluz" (p.265)

 

Século XIV

 

No início do século organiza-se em Portugal de modo sistemático as actividades de corso. Em 1317, o rei D. Dinis, contrata o genovês Manuel Pessanha para actuar nas costas de Portugal, em particular no Alentejo e Algarve. Pessanha ensina os portugueses a atacarem navios inimigos utilizando galés, os navios a remos que eram utilizados no Mediterrêneo.

No século seguinte, os portugueses passam a usar barcos à vela com canhões, uma enorme inovação tecnológica.

 

Século XV

 

Os portugueses eram já considerados os maiores piratas e corsários da cristandade. A actividade era extremamente lucrativa, à qual se dedicava a nobreza e a família real. Era uma actividade considerada nobre e honrada, sobretudo quando dirigida contra infiéis.

 

O Infante D. Henrique, por exemplo, tinha navios no saque. A conquista de Ceuta, em 1415, a que se seguiu outras cidades como Alcácer Seguer (1458), Arzila ou Safim, permitiu aos portugueses não apenas controlar o Estreito de Gibraltar, mas também criar no Norte de África um poderoso centro para a pirataria e o corso.

 

Ceuta só foi abandonada em 1640 pelos portugueses, quando perante a guerra com a Espanha se tornou inviável manter esta praça armada. Entre os muitos corsários do século XV, destaca-se Pedro de Ataíde, fidalgo da Casa Real, era um verdadeiro terror dos mares. Era conhecido por "O Corsário" ou "O Inferno". Está por fazer a sua história. Sabe-se que por volta de 1470, andava a atacar navios bretões e de S. Malô, mas também as costas da Andaluzia. Em 1471/72 comandou uma armada à Guiné. Em Julho de 1476 era capitão de armada ao serviço do rei. Morreu um mês depois quando estava envolvido numa batalha contra navios genoveses e flamengos ao largo da Costa de S. Vicente

 

O século XV é uma verdadeira época de ouro dos corsários e piratas portugueses, que não apenas percorrem todo o Atlântico, mas nada lhes escapa também no Mediterrâneo.

Século XVI

Os portugueses praticam em larga escala a pirataria no Oriente, numa guerra sem quartel, nomeadamente contra os muçulmanos. Entre os mais conhecidos piratas portugueses do Oriente, conta-se o fidalgo Simão de Andrade que entre muitas outras façanhas contam-se os saques que praticou na China (1519).A literatura portuguesa da época, como a Peregrinação (1583) de Fernão Mendes Pinto, contém inúmeros relatos destas acções de pirataria.

 

O aumento do comércio marítimo através do Atlântico fez disparar o número de barcos corsários, sobretudo os franceses e os muçulmanos (Norte de África). Para se ter uma ideia basta dizer que entre 1508 e 1538 registam-se 423 aprisionamentos de navios portugueses por parte do corso francês (cf.O Grande Livro da Pirataria e do Corso, de Ramalhosa Guerreiro).No final do reinado de D. Manuel, foi criada uma Esquadra do Estreito cuja função era a de proteger a navegação que cruzava a entrada do Mediterrâneo, os portos do Algarve e as praças africanas, dos diversos tipos de corso que assolavam esta zona.

 

D. João III endurecem também a repressão, provocando sobretudo da parte dos franceses constantes protestos. Foram diversas medidas de protecção, nomeadamente obrigando os navios comerciais andarem em comboios, protegidos por navios de guerra.

 

Na segunda metade do século XVI tornam-se cada vez mais frequentes os relatos de portugueses que estão ao serviço de outros piratas e corsários. A sua longa experiência dos mares permite-lhes levá-los ao coração do Império Espanhol. Um dos casos mais célebres, mas não único, foi o caso do piloto Nuno da Silva, capturado em Cabo Verde por Francis Drake. Foi um dos dois pilotos portugueses que o conduziu na travessia do Estreito de Magalhães e depois às costas do Perú para saquear os espanhóis, permitindo-lhe depois circundar o mundo (1578). No regresso terá parado em Lisboa, onde aliás voltaria anos depois ao serviço do Prior do Crato. O embaixador espanhol em Londres escreveu a Filipe II: "el Draques afirma que si no fuera por dos pilotos portugueses que tomó en un navío que robó y hechó a fondo en la costa del Brasil a la yda no pudiera haver echo el viage. Ha dado a la Reyna un diario de todo lo que le ha sucedido en los tres años y una gran carta" (Carta de Bernardino de Mendoza a Filipe II, 16/10/1580).

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