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Corsários Mouros - III

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Por esta altura surge no Mediterrâneo Ocidental um novo adversário temido e conhecedor das tácticas e técnicas portuguesas: os Turcos. Estes vão tornar-se um precioso auxílio para os piratas locais trazendo navios maiores e uma outra dinâmica à guerra de corso.”

 

“Em 1517 o célebre corsário turco Barba Roxa percorre o Estreito com catorze navios de remos. Contra esta armada envia o Rei de Castela uma poderosa frota que no entanto não consegue capturar o famoso pirata turco. Este divide os navios, indo parte para Larache e outra para Argel. A intervenção espanhola e esta fuga para Larache vão assumir uma importância fundamental no desenrolar da actividade marítima da região. A primeira vem dar consistência às crescentes preocupações dos monarcas espanhóis para com a segurança das suas costas. O segundo facto transformou Larache num grande porto de piratas que em muito prejudicaram as ligações de Portugal com o Norte de África. Toda esta actividade corsária terá sido um dos motivos que levou D. Manuel a prover esta região com uma armada permanente. É a partir da sua criação oficial, em 1520, que a actividade naval portuguesa toma foros mais consistentes.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No século XVI a actividade dos corsários aumenta exponencialmente, acompanhando o desenvolvimento do comércio marítimo, não só no Atlântico, com a abertura das rotas de Africa, da India e das Américas, mas também no Mediterrâneo e nas próprias transacções com o norte da Europa.

 

Portugal prossegue o estabelecimento de praças-fortes e a construção de fortalezas, agora no território do chamado Marrocos amarelo.

 

Em 1506 D. Manuel manda construir o Castelo Real de Mogador, no local da actual cidade de Essaouira. Os portugueses apenas conseguirão manter o castelo na sua posse durante 4 anos, após o que é tomado pela tribo local dos Regraga.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No ano de 1508 é conquistada por Diogo de Azambuja a cidade de Safim, reconhecendo o seu alcaide a soberania de Portugal sobre o seu território. Em troca, os habitantes de Safim poderiam circular livremente pelas possessões de Portugal e aí fazer o seu comércio. Em 1512 é construída uma cintura de três quilómetros de muralhas da autoria dos irmãos Diogo e Francisco de Arruda e edificado o Castelo do Mar em estilo manuelino.

 

Nesse mesmo ano é construído o Castelo de Aguz junto à povoação de Souira Khedima, numa praia 35 km a Sul de Safim.

 

Em 1513 é comprada ao comerciante português João Lopes Sequeira a fortaleza de Santa Cruz do Cabo Guer, por ele construída em 1505 para fazer face aos ataques dos espanhóis, no local onde hoje se ergue a cidade de Agadir.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em 1486 os habitantes de Azamor, cidade integrada no Reino de Fez, pediram protecção ao Rei de Portugal D. João II, de quem se tornaram vassalos. Estabeleceu-se uma feitoria, no seguimento do qual surgem desavenças entre a população. “Rodrigues Bérrio, um armador de Tavira que costumava ir pescar sáveis a Azamor, em 1508 deu conhecimento a D. Manuel das grandes divisões entre os seus habitantes e do desejo que alguns manifestavam em se tornar súditos de Portugal”. No seguimento da expulsão de alguns portugueses da cidade e do encerramento da feitoria, D. Manuel envia em 1513 uma armada de 500 navios e 15.000 homens para a conquista de Azamor, comandada por D. Jaime Duque de Bragança.

 

Em 1514 os irmãos Diogo e Francisco de Arruda são chamados para uma intervenção nas muralhas da cidade _  “dois baluartes curvilíneos, o de “São Cristóvão”, anexo ao Palácio dos Capitães como uma torre de menagem compacta; e o do “Raio”, no extremo da fortaleza, decorado por quarenta bandeiras e com espaço para mais de sessenta peças de artilharia fazerem fogo, simultaneamente, em todas as direcções”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Apesar de Larache se afirmar como a grande base do corso no Norte de Marrocos, e merecer da parte de Portugal a correspondente importância, é em Rabat-Salé que os corsários irão afirmar todo o seu poder, ao ponto de se constituírem numa república independente entre os anos de 1627 e 1668, e que ficou conhecida pelo nome de “república do Bouregreg”, nome do rio que separa as duas cidades.

 

A república do Bouregreg era formada por três núcleos edificados _ na margem direita do rio, Salé ou Velha Salé, cidade fundada pelos romanos com o nome de Sala Colonia; na margem esquerda, e a Casbah Oudaya, erigida pelos Almorávidas, ocupada pelos Hornacheros, andaluses expulsos da cidade estremenha de Hornachos, e Rabat ou Nova Salé, fundada por mouriscos expulsos da península, originários de diferentes regiões andalusas, mas com uma forte componente de Nasirís do antigo Reino de Granada.

 

Os seus dois primeiros governadores, Ibrahim Vargas e o célebre renegado holandês Jan Janszoon van Haarlem, também conhecido pelo nome de Murad Reis ou o Grande Almirante, mantêm-se leais ao sultão Mulay Zidane. Mas a partir de 1627 Bouregreg proclama-se como república independente, sendo governada por um conselho ou diwan de 16 membros, representativo dos Hornacheros, dos Andaluses, e dos Árabes tradicionais de Salé. Para além destes havia que contar com uma mescla de renegados estrangeiros, sobretudo holandeses, ingleses e alemães, que falavam uma língua própria, a língua franca, uma espécie de dialecto árabe misturado com espanhol, português e italiano.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em 1630 estala uma guerra civil pelo controlo do poder e da repartição do produto dos roubos, opondo Hornacheros, andaluses e os habitantes de Salé. Os confrontos são apaziguados por uma frota inglesa que aí aportou. Seguiram-se outros confrontos nos anos de 1636 e 1641, também acompanhados de interferências de potências europeias, principalmente dos ingleses.

 

A partir de 1660 e dinastia Alauita deixa de reconhecer a autonomia à república de Bouregreg e inicia-se uma guerra que duraria oito anos até à sua reintegração no reino de Fez.

 

Estas cidades foram grandemente afectadas pelo tsunami do terramoto de 1755.

 

Rabat e Salé são ainda hoje duas cidades rivais, separadas por um rio que as divide, mas que as uniu também através da história numa relação de cumplicidade.

 

 

In: http://aventar.eu/2012/02/05/corsarios-mouros/  (20/05/2014)

Gravura de Safi

Nesse mesmo ano é fundada a cidadela de Mazagão, a jóia da coroa portuguesa em Marrocos, classificada como Património da Humanidade. Inicialmente foi construído no local, em 1514, um Castelo da autoria dos irmãos Arruda, que se revelou pouco eficaz em termos defensivos. O projecto da cidadela data do ano de 1541 e foi seu autor Benedetto da Ravena, engenheiro de Carlos I de Espanha. A construção esteve a cargo de João de Castilho e João Ribeiro. A cidadela integra no seu interior uma cisterna em estilo manuelino de grande interesse arquitectónico.

Paralelamente às ocupações de Portugal na costa Atlântica de Marrocos, Espanha limita-se a ocupar alguns dos ninhos de corsários do Mediterrâneo. Em 1497 ocupa a cidade de Melila e em 1508 Badés, criando uma fortificação no Peñon Velez de la Gomera. Só em 1673 ocupará a Ilha de Alhucemas, junto a Nakor, em 1848 as Ilhas Chafarinas e em 1884 a Ilha de Alborán.

A Casbah Oudaya em Rabat

Gravura de Salé e Nova Salé

Carta da foz do Rio Loukos, com representação da Casbah de Larache e a Fortaleza da Graciosa

Caravelas portuguesas

Gravura de Azamor

Planta da Cidadela de Mazagão

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